2.3.10

bandejando

olhe aquela mulher, comendo esta refeição impalatável, junto com seu filho de mais ou menos dez anos.
já passa do entardecer, o que me remete à perda cotidiana do maravilhoso lusco-fusco desta cidade, aquela que ocorre apenas sobre as nuvens capazes de acinzentar o azul do céu da paulicéia.
o menino não parece apreciar a comida, apenas come. quanto a mãe, o menino é sua única alegria imersa sobre o infinito mar do duro cotidiano.
o moleque crescerá sem gostar de comer...
mal consigo imaginar a vida que eles levam, com refeições noturnas num restaurante universitário que serve comida como se fosse lixo, feito pra gente mas que mais parece que é feito pra se jogar no lixo.
água, maizena e mais alguma coisa constitui o cardápio básico da casa, que ainda assim, se põe como a melhor opção dos arredores.
a comida não é apreciável, apenas se deve comê-la sem olhar, e se possível, não sentir o gosto.


a comida, que é lixo, deve ser comida... quantas pessoas passam fome por aí? quanto desperdício isso gera? não poderiam ao menos fazer algo mais palatável?


somos o que comemos.
somos um lixo.

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